terça-feira, 29 de março de 2011

Moedas Sociais - Resenha de artigo

Resenha: “CLASSIFYING ’CCs’: Community, complementary and local currencies´types and generations”. Jérôme Blanc. International Journal of Community Currency Research. Nº 15. 2011.


O objetivo principal do texto é construir um quadro de classificação que possibilite a inclusão sistemática dos conceitos e experiências envolvendo moedas alternativas, ou seja, não oficiais – também chamadas de não nacionais - e que não tenham em seu uso motivação por lucro.

Um fato importante para a compreensão do texto e seu objetivo é que atualmente não existe uma forma padronizada e compartilhada de classificação dessas moedas bem como dos seus desenvolvimentos conceituais e práticos. É justamente neste ponto que o autor concentra seu esforço, ou seja, na tentativa de construir uma tipologia suficientemente flexível que permita o englobamento de conceitos ortograficamente parecidos, mas muito variados em sua semântica.

Para construir uma tipologia que abarque tanto a diversidade de origens históricas como desenvolvimentos futuros são utilizados como elementos base os conceitos – também denominados como tipos ideais - de “moeda comunitária”, ”moeda complementar” e ”moeda local”. É esse conjunto formado pelas três variedades conceituais que o autor denomina “CCs”. O autor esclarece que a vantagem do uso deste acrônimo reside na sua capacidade de englobar termos conflitantes. Em acréscimo à distinção dos tipos de moedas, o autor ainda constrói uma periodização onde cada uma de suas etapas corresponde ao que se denomina como geração.

O artigo tem sete páginas divididas entre cinco blocos a saber: o problema de nomear e classificar, princípios de uma tipologia, tipos ideais de acordo com projetos, gerações de esquemas e conclusão, além do resumo e das referências, sendo estes dois últimos não discutidos aqui.

No primeiro bloco o autor trata a dificuldade, segundo ele histórica, que existe em torno do estabelecimento de uma classificação comum para as “CCs”e considera como principal causa para tanto a obsolescência de modelos previamente criados devido às rápidas inovações e enfraquecimento de barreiras de diversas natureza que aparentavam ser intransponíveis. Contudo, o autor questiona acerca da necessidade de uma tipologia argumentando que a diversidade e inovação das ”CCs” não são restringidas pela falta de um quadro classificatório e ainda acrescenta a possibilidade desta não existência de ferramenta de categorização ser um elemento facilitador para o desenvolvimento daquelas. Ainda neste bloco Jérôme Blanc trata do acrônimo “CCs” justificando seu uso pela possibilidade que o mesmo tem de esconder conflitos entre nomeclaturas de moedas – mais especificamente entre comunitária e complementar. O autor ainda torna claro seu objetivo de construir uma tipologia flexível e aberta a desenvolvimentos futuros e termina o bloco informando sobre o que será discutido nos blocos seguintes.

No bloco dois o tema principal são os princípios a serem usados no desenvolvimento de uma tipologia. Como ponto de partida Jérôme Blanc utiliza a experiência do Social Money Workshop Facilitation Committee. A primeira observação refere-se à necessidade de diferenciar tipologia de itens de tipologia de sistemas. Uma tipologia de itens seria uma lista de itens elementares que compõem um sistema enquanto tipologia de sistemas seria a combinação de elementos formando assim determinados sistemas. Uma segunda observação relaciona-se ao fato que a Social Money Facilitation Committee desenvolveu uma tipologia genérica para sistemas monetários mais que para “CCs”. Isso faz com que “CCs” não pareçam muito diferentes das moedas tradicionais. Um terceiro aspecto refere-se a necessidade de que a construção de uma tipologia não foque na classificação de observações, mas sim ser flexível e aberta a inovações futuras. Em conclusão o autor acredita que uma tipologia deve sempre estar aberta a inovações, não querer ser considerada como a única correta e ser permanentemente discutida e transformada. Contudo o autor considera que a tentativa do Social Money Facilitation Committee falhou no seu objetivo de “delinear uma tipologia comum para sistema de troca” por apenas sugerir reflexão acerca de uma tipologia de itens. Já ao final do bloco o autor acrescenta como uma dificuldade na construção de tipologias para “CCs” é que freqüentemente qualquer moeda não nacional é considerada dentro daquele grupo.

No terceiro bloco, qual tem como tema principal a relação entre tipos ideais e projetos, sendo estes últimos podendo ser considerados como sistemas, o autor considera que estes então devem ser o foco da tipologia a ser construída negando assim a possibilidade de uma tipologia de itens. Segundo Jérôme Blanc um projeto pode ser definido por sua filosofia geral, propósitos gerais e seus planificadores. O autor faz uso de três categorias – troca, redistribuição e reciprocidade - definidas por Karl Polanyi para orientar as possibilidades de uma filosofia geral. Em acréscimo à filosofia geral, um propósito específico daria resultado a um dos três tipos de projetos que seriam a base dos esquemas monetários a serem tratados adiante. Os tipos de projeto são: territorial, comunitário e econômico Para especificar com mais detalhes os três tipos de projeto acima se faz necessário saber quem são seus possíveis planificadores a saber: governos, firmas capitalistas e organizações sem fins lucrativos. Com as informações passadas até agora o autor constrói relações entre tipos de projetos e esquemas monetários. Moedas locais com projetos territoriais, moedas complementares com projetos econômicos e moedas comunitárias com projetos comunitários. Neste ponto o autor, para evitar equívocos, reforça a idéia de que “CCs” não estão relacionadas aos ideais de soberania e obtenção de lucro. Uma outra observação importante que Jérôme Blanc faz é acerca da impureza dos sistemas reais, dificultando assim a construção de uma tipologia.

No quarto bloco o assunto principal são as mudanças ocorridas, as quais o autor classifica em gerações. O autor propõe uma tipologia de segundo nível na qual existem quatro gerações, cada uma combinando de diferentes formas com os três tipos ideais anteriormente descritos. Jérôme Blanc considera que a primeira geração surgiu na década de 1980 com o modelo da LETS; modelo este que durou até a metade da década de 1990. Ele tinha como características, dentre outras, as grandes redes, sendo algumas estruturadas em torno de organizações específicas e os sistemas de crédito mútuo com a emissão de moeda no momento da compra, mas também havia a possibilidade desta ser emitida com antecedência. A segunda geração, como define o autor, é aquela caracterizada por esquemas puros de troca de tempo , a partir do final da década de 1980 com os esquemas de dólar tempo nos Estados Unidos. O esquema de moeda neste caso é puramente comunitário alicerçado sobre o critério da reciprocidade multilateral. Blanc, ao tratar da terceira geração, a qual surgiu m 1991 com a experiência da Ithaca Hour, sendo esta baseada no modelo da LETS. Esta geração é caracterizada como tendo um propósito claramente econômico, constituindo assim esquema de moeda complementar, mas uma vez que existem ambições territoriais pode haver também esquemas locais. Como quarta e última geração o autor cita o esquema NU de Rotterdam que surgiu entre 2002 e 2003 com foco nas questões ambientais.

No quinto e último bloco o autor conclui o texto reforçando a necessidade de uma classificação flexível que permita a visualização dinâmica dos esquemas monetários. Segundo ele os tipos ideais permitem combinações entre si capazes de analisar formas concretas de esquemas monetários não nacionais e não movidos por lucros. Blanc ainda considera a identificação das gerações de “CCs” como recurso para evitar qualquer tipologia fechada e focar nos movimentos reais que emergiram desde a década de 1980 e que ainda continuam em transformação considerando, inclusive, o surgimento de novas gerações, principalmente em decorrência da emersão de novas tecnologias como a Internet.

O artigo traduzido em sua íntegra oderá ser obtido via e-mail.

domingo, 26 de dezembro de 2010

A culpa é do professor?!

"Há fatos que se repetem todo final de ano. São outros nomes e rostos, mas há algo similar no comportamento de certos estudantes que demonstram imaturidade acadêmica e intelectual. Em geral, é o que não cumpre minimamente os deveres enquanto “acadêmicos”. Felizmente, trata-se de um ou outro caso. Mas, como são desgastantes!!!

Reconheço que os estudantes são submetidos às pressões e exigências que os forçam a adotar “estratégias de sobrevivência”. Isto significa, por exemplo, rifar determinadas disciplinas para concentrar-se em outras com maiores exigências e ‘rigor professoral’. É a necessidade de tirar a nota, de passar de ano! Muitas vezes, a matéria rifada é considerada sem importância ou o professor é tido como pouco exigente, “bonzinho”, “café com leite”. Por que dedicar-se a disciplinas cujos conteúdos parecem nada acrescentar à formação do futuro advogado, promotor, juiz? Pra quê estudar Ciência Política e autores como Tocqueville, Stuart Mill e Karl Marx? Em que isto contribui para passar no exame da OAB ou num concurso público? A desimportância, aliás, é confirmada pela própria organização da grade curricular, na medida em que estas disciplinas são relegadas às sextas-feiras, últimos horários; ou quando se decide pela retirada da disciplina do curso.

Compreendo tudo isto, mas não entendo a facilidade que alguns têm em jogar o problema para o outro. Ora, no início do semestre letivo o professor estabelece prazos, flexibiliza-os a partir das necessidades dos alunos e, mesmo assim, não são cumpridos. O professor solicita trabalho escrito que pressupõe a leitura de um livro, assimilação da teoria e análise. No primeiro dia de aula ele estabelece a data limite para entregar: o último dia do ano. E mesmo assim, não se cumpre o prazo. O aluno deixa tudo de lado, dedica-se à suas prioridades e faz a atividade solicitada de qualquer forma (não vou usar aquela expressão chula e machista). Na verdade, não lê a obra e utiliza o surrado recurso do CONTROL C / CONTROL V, ou seja, plágio. O que pensa este aluno? Que o professor é um relapso e não ler o que solicita? Há algo que justifique tal atitude?

Até compreendo, mas compreender não é aceitar. E o que mais irrita nestes casos não é a atitude em si, mas o jogo de empurra, a transferência de responsabilidade. Se cometo um ato que visa ludibriar alguém e sou descoberto, devo pedir desculpas – que o outro aceita se quiser – e assumir. Ponto! Geralmente a desculpa, às vezes sincera, vem acompanhada de pedido de clemência. Mas não se trata disso, e sim da maturidade, enquanto indivíduos, para assumirmos os nossos atos.

Este tipo de atitude faz do outro o cúmplice, transferindo para ele a decisão. E, de repente, o professor vê-se diante da necessidade de decidir em relação a um problema que não é dele; e se decide pelo “não”, anda fica com a pecha de “chato” ou coisa do tipo. No limite, se não passo de ano ou não me formo porque fui pego numa maracutaia, cometida por minha livre e espontânea vontade, a culpa, a “máxima culpa” é do outro que não quis ouvir os meus argumentos. Ora, mas por que agi desta maneira? Não é mais sensato assumir as conseqüências do meu ato?

Em suma, desculpe a expressão, é um saco: o aluno não faz a parte dele e transfere para nós, professores, deixando-nos diante da situação de aceitarmos ou alimentarmos uma tensão na qual parece que os "culpados" somos nós. É muita imaturidade, é uma demonstração cabal de ausência de condições para exercer a autonomia; é uma confusão imensa entre liberdade e licenciosidade. A liberdade de agir pressupõe a responsabilidade pela ação e pelos efeitos que ela produz. É simples: cada um de nós deve assumir o ônus das nossas próprias decisões.".

sábado, 2 de outubro de 2010

Ética - Robert Henry Srour

Texto escrito para a disciplina Ética e Responsabilidade Social ministrada pela Profª. Drª. Claudiani Waiandt como requisito parcial de avaliação.

Resumo: SROUR, Robert Henry. Ética empresarial. Ed. Campus. Cap.2

Neste texto o autor tenta explicar através de definições, esquemas gráficos e diversas passagens do dia-a-dia os conceitos weberianos de ética da responsabilidade e ética da convicção que, embora sejam diferentes, não se anulam de forma mútua e completa. Contudo, uma das éticas prevalece no agir do indivíduo. Cada um destes conceitos se divide em outros dois: o primeiro se divide entre a vertente utilitarista e a vertente da finalidade, enquanto a segunda divide-se entre a vertente do princípio e vertente da esperança.

A ética da responsabilidade é aquela que condiciona os meios aos fins sendo estes mais importantes do que aqueles. Ao agir de acordo com esta ética os agentes avaliam as conseqüências da ação ou do conjunto destas para alcance de um fim determinado. Esta ética corresponderia a um realismo pragmático.

Na vertente utilitarista o que se deseja é trazer o máximo de benefício para o maior número de pessoas. Os meios ficam em segundo plano.

Na vertente da finalidade o fator determinante é a magnitude do benefício do fim. Devido a este bem que se espera alcançar é necessário empreender todos os esforços possíveis.
Nas duas vertentes acima verifica-se que a importância do fim suprime as possíveis considerações acerca dos meios.

A ética da convicção é aquela onde o agir é baseado em valores que funcionam como uma norma de conduta que reside no interior da consciência do indivíduo. Nesta ética o importante é a ação e não suas conseqüências. O indivíduo age de acordo com aquilo que é ordenado pelos seus princípios e valores, ou seja, aquilo que acredita ser o correto a fazer e não por um cálculo de conseqüências visando atingir um fim. A ação é motivada pelo senso de dever. Poderia-se aqui falar de idealismo purista.

Na vertente do princípio a ação é dirigida pelos valores do indivíduo que funcionam como normas que devem ser seguidas haja o que houver.

Na vertente da esperança a motivação para o ato se encontra em uma possível realização de um ideal. O que dá origem a ação é o sonho.

Em ambas as éticas há riscos. Na ética da responsabilidade pode haver o cinismo que justifica utilização de meios indevidos para consecução dos fins, enquanto a ética da convicção pode dar origem a fanatismos.

Nos dois casos o “agir ético” não é determinado pelo indivíduo, mas sim pela sociedade. No caso da ética da convicção os valores e princípios a serem considerados são aqueles socialmente aceitos, enquanto na ética da responsabilidade os julgamentos acerca dos fins considerados benéficos também partem da coletividade.

Texto escrito para a disciplina Ética e Responsabilidade Social ministrada pela Profª. Drª. Claudiani Waiandt como requisito parcial de avaliação.

Resumo: RAMOS, Alberto Guerreiro. Administração no contexto brasileiro: esboço de uma teoria geral da administração. Rio de Janeiro: Ed. FGV, 1983. Cap. 2.

A re-definição do conceito ação administrativa que se faz necessária devido aos avanços em pesquisas na área da teoria da administração é o objetivo do texto, sendo esta ancorada principalmente nos conceitos racionalidade funcional-racionalidade substancial e ética da responsabilidade-ética do valor absoluto ou convicção de Max Weber. Além deste último autor Amitai Etzioni , Chester Barnard, Eric Voeglin, Karl Mannheim e W. H. Whyte também tiveram seus trabalhos reconhecidos e em parte citados e/ou utilizados por Guerreiro Ramos. Outros autores também foram objeto de apreciação por parte dele na consecução do seu trabalho, porém de maneira menos expressiva.

2.0 O conceito de ação administrativa

Os temas da teoria das organizações passam por um período de intensa problematização. Várias pesquisas com o intuito de verificar pesquisas já realizadas vêem sendo feitas tendo como resultado grandes avanços. Este estado de coisas leva a necessidade de reformular alguns conceitos, dentre eles o de ação administrativa.
Para reformular este conceito é necessário observar alguns pontos:

1: Condutas empreendidas no âmbito do trabalho não podem se confundir com as condutas fora deste espaço.

2: Eficiência e produtividade como fenômenos complexos relacionados aos conflitos entre personalidade e organização.

3: Relevante influência do ambiente externo sobre a organização.

2.1 Racionalidades funcional e substancial

Para iniciar os esclarecimentos acerca das duas racionalidades Guerreiro Ramos traz Chester Barnard. Este aponta que qualquer individuo vinculado a um sistema cooperativo tem com ele uma relação dual – relação funcional ou interna mais ou menos intermitente e a relação individual ou externa que é não-intermitente. No primeiro tipo de relação parte das atividades do individuo são apenas engrenagens de um sistema não pessoal de atividades enquanto no segundo o indivíduo é estranho, isolado ou oposto ao sistema.

Guerreiro Ramos atribui à perda de validade de muito do que foi feito na Escola de Relações Humanas à não observância dos conceitos de Barnard.

Ainda com base em Bernard observa-se que a racionalidade da organização não se confunde com a racionalidade geral e que por isto é útil considerar aspectos do individuo como externos a qualquer sistema cooperativo. As pessoas decidem entre entrar ou não em uma determinada organização com base em duas categorias: (1) desejos, intenções, impulsos do momento e (2) alternativas externas que ele reconhece como válidas. “A organização resulta da modificação da ação do indivíduo mediante controle desta categorias ou sua influência sobre uma delas.”, Barnard.

Voltando-se para Weber, Guerreiro Ramos traz o conceito ação social que, como esclarece o próprio autor é a base para o conceito sociológico de racionalidade. Neste ponto são apresentados quatro possibilidades para o conceito: racional aos fins, racional aos valores, afetiva e tradicional. As duas últimas por se basearem respectivamente em estados emotivos e costumes não têm suas conseqüências analisadas de forma sistemática e por isso não são objeto de grande apreciação, sendo assim as outras duas possibilidades de ação social, as quais possuem caráter sistemático quanto à intencionalidade, serão as mais úteis para com o objetivo do texto. Observa-se aqui uma clarificação da dualidade exposta por Barnard. Os dois primeiros tipos de ação social conflitam com os dois últimos, sendo estes os itens que obstacularizam aqueles.
A ação racional aos valores é pautada pelos valores que a inspiram e indiferente aos resultados enquanto a ação racional aos fins tenta adequar os meios ao fim buscado deixando em segundo plano a análise dos meios utilizados. Neste ponto Guerreiro Ramos traz Karl Mannheim que atribui o adjetivo “funcional” à primeira racionalidade empregada no primeiro tipo de ação e o adjetivo ”substancial” à racionalidade empregada no segundo tipo. Ainda nesta linha Eric Voeglin adjetiva a primeira como “pragmática” e a segunda como “noética”. Com base nesta última Voeglin procura mostrar que quanto mais ela estiver presente em uma sociedade mais “qualidade” esta terá.

Ainda com base em Mannheim é possível verificar que a industrialização incentiva a racionalidade funcional e reprime a substancial, tornando os trabalhadores auto-racionalizados, sendo este aspecto impactante, inclusive, no espaço externo ao local de trabalho e na sua subjetividade. O autor ainda chama a atenção para as concentrações material e da tomada de decisão que na sua perspectiva contribuem para debilitar a racionalidade substancial.

Trazendo agora as contribuições de W. H. Whyte observa-se que de acordo com este há uma tentativa, por parte das organizações em conluio com as ciências sociais aplicadas, de acabar com o conflito entre indivíduo e organização, sendo este rompimento, de acordo com Whyte, utópico. Ao resultado desta tentativa o autor dá o nome de ética social. Esta tentativa de harmonizar indivíduo e organização teria por objetivo legitimar as pressões sociais e do grupo sobre o indivíduo tornando-o conformista. Contudo existem autores, entre os quais se inclui Amitai Etzioni, que defendem um equilíbrio entre trabalho e independência, racionalidade funcional e substancial.

2.2 Problemas éticos da organização

Neste bloco o foco estará nos conceitos ética da responsabilidade e ética do valor absoluto ou convicção.

Para esclarecer os conceitos alguns pontos servem como base:

1: A ética da responsabilidade está atrelada a racionalidade funcional, enquanto a ética do valor absoluto ou convicção à racionalidade substancial.

2: As éticas não serão sempre antagônicas. Isto é possível quando as especificações do trabalho se adéquam aos valores do individuo.

3: Os indivíduos não agem levando em consideração uma única ética, com exceção de casos extremos.

No restante do bloco são retomadas discussões sobre a racionalidade funcional ligado ao trabalho na organização, a racionalidade substancial ligada às perspectivas individuais do trabalhador enquanto ser humano, conflitos internos aos indivíduos causados pelas duas racionalidades e tentativas de tornar a estrutura organizacional menos propicia ao acirramento destes conflitos salientando que estes sempre existirão e que são salutares para que o indivíduo continue sendo sujeito de sua existência, ou seja, não tornando-se alienado para que assim se adéqüe perfeitamente à organização.

Ainda neste espaço Guerreiro Ramos torna claro que toda ação administrativa tem como ingrediente a ética da responsabilidade.

2.3 Tensões éticas nas organizações

Neste bloco acontecimentos externos à organização são postos como importantes influenciadores da ética predominante dentro do sistema cooperativo. Uma época de grandes revoluções, por exemplo, que tenham valores opostos a aqueles das organizações existentes tendem a elevar o nível da presença da ética da convicção tornando os conflitos já existentes mais acirrados. Com isso, conclui-se, que é necessário certo consenso social para que as organizações possam se manter.

O nível de tensão entre éticas varia de acordo com a organização. Em ordem crescente esta variação ocorre nos seus principais tipos: normativa(igrejas, associações culturais, movimentos sociais e etc.), utilitária(empresas, sindicatos patronais e etc.) e coercitiva(prisões, campos de concentração e etc.). No primeiro tipo prevalece a ética da convicção enquanto no último a ética da responsabilidade.

Ainda neste espaço Guerreiro Ramos discorre sobre os trabalhos de Amitai Etzioni e sua relevância para a análise da ação administrativa com base na dualidade entre ética da responsabilidade e ética da convicção.

2.4 Definição da ação administrativa

“Tal ação é modalidade de ação social, dotada de racionalidade funcional, e que supõe estejam seus agentes, enquanto a exercem, sob a vigência predominante da ética da responsabilidade.”

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

A insurgência do livro texto


" The text book insurgency

We sit around three clusters of whirring computers, watching our high school teacher read the lecture notes prepared from Harvard University professor Gregory Mankiw’s textbook, The Principles of Economics. “Trade always makes all participants better off,” he says. I glance at a friend across the room. We both know something is not right about this.

After class I talk with my friend about the economic evangelism we just experienced, the self-righteous dogma of the richest country in the world. Is this why we’re rich? Is the key to prosperity really as simple as “higher productivity”? Why haven’t the words “colonization” or “sweatshop” been brought up?

The next day I ask my teacher, “Don’t we have to take natural resources into account? Isn’t that the key to why some countries are richer than others – because they control the resources of other countries? And why does Mankiw’s book assume these resources continue indefinitely?”

My teacher mumbles in circles, avoiding any answers – the lecture notes forget to justify the unequal allocation of resources. He returns to the book’s PowerPoint presentation, insisting the root cause of prosperity is productivity. After all, there is a chart that confirms this: Look, the US has the highest productivity. Poor Africa, it’s so unproductive.

There is a certain seductive simplicity to Mankiw’s economic fantasies. Perhaps this is why his textbook is used all over the world. Still, my classmates and I prefer the truth. A few of us talk together after class. We can’t understand why our teacher clings so desperately to Mankiw’s doctrine, which says there’s a clear trade-off between equity and efficiency. Insist on equity, he wants us to believe, and nothing will work. Is this a study of how markets work, or just Bible study for capitalism?

I decide that if our teacher will not point out and discuss Mankiw’s shortcomings, I will have to take things into my own hands. I grab an article from Adbusters magazine called “Neocon Indoctrination the Mankiw Way” and try to look as inconspicuous as possible while churning out 15 copies of the essay on the school’s copy machine. Outside of class, I hand them out to my classmates. Later a friend and I cut out alphabet letters from magazines and paste them onto a copy of the article, spelling out, stalker-style: “Dear Mr. Totten, please enjoy this shocking document.” We place it in his box at school.

The article fails to get the response we hoped. “I just skimmed it,” our teacher tells us. “I don’t read meaningless stuff.” Try again.

Perhaps he’ll respond better to an indirect attack on his gospel of economics. I photocopy an article from Harper’s that calls for a new economic worldview – one that focuses on sustainability over growth. I distribute it to my classmates as well as my teacher, this time by hand. He eats it up. “This is exactly what I have been looking for,” he says. “It addresses a lot of the issues I have been thinking about lately. Thank you.” He even tells the rest of the class about it, recommending they read it. But when the lectures resume, nothing changes. He reverts to Mankiw’s script.

Well, almost nothing changes. My teacher preaches the same old theories, but now he prefaces the most nonsensical points with the claim that we must simply accept them in order to pass the college placement test. What can we do?

Meanwhile there’s a letter from Harvard University: I have been accepted. I ask my teacher if there’s anything he’d like me to pass on to Mankiw if I bump into him in the halls of Harvard. “Thank him for me, for making a textbook that explains everything so clearly,” he says.

But if I run into Mankiw next fall, I have a few questions I’d like to ask him first: Why does his textbook refuse to admit that it has a point of view? What social purpose does he think is served by the stock market?

If he fails to respond adequately to my questions or the ones Adbusters has posed to him in previous issues, he’ll hear some tough words from me about how the truth, and not trade, always makes participants better off.

– Jasper Henderson"


sábado, 28 de agosto de 2010

Uso de software livre em projetos acadêmicos

No ano de 2007 fui um dos participantes do projeto Fractais e Software Livre, exposto na 13ª Feira de Ciências - O universo é o limite - realizada no Colégio Antônio Vieira.

O trabalho teve como principais objetivos transmitir conhecimento sobre a teoria dos fractais e a sua relação com os fenômenos da natureza e a demonstração da viabilidade do uso de softwares livres em projetos educacionais ligados à ciência.




Por que usar Software livre em Projetos Educacionais?

1º: Pode ser obtido de forma gratuita, diminuindo gastos por parte da instituição.
2ª: Não impõe ao aluno certos gastos com licença para que este o utilize fora do ambiente da instituição.
3º: Por ser de código aberto, facilita personalização por parte dos professores para melhor adequação às necessidades dos alunos.
4º: Pode estimular trabalho em grupo, pois muitos softwares são desenvolvidos por comunidades abertas.
5º: Maior aprendizado, pois com software livre o aluno obtem um conhecimento mais profundo em relação ao funcionamento do computador.
6º: Não “prende” o usuário a corporações.

Para que usar Software Livre no Projeto Fractais ?

Para demonstrar a eficiência, viabilidade e usabilidade deste tipo de software, incentivar o ensino do mesmo no Colégio Antônio Vieira e seu uso em outros projetos nas próximas Feiras de Ciência e/ou dentro de setores da instituição..

Softwares utilizados

Nome: Fedora Core 7
Licença: GPL (livre).
Utilidade: Sistema Operacional que servirá de base para a apresentação.
Website: http://fedoraproject.org/

Nome: GNU XaoS
Licença: GPL (livre).
Utilidade: Permite a construção de fractais e zoom em tempo real, possibilitando exemplificar o que ocorre após cada iteração e a auto-similaridade.
Website: http://wmi.math.u-szeged.hu/xaos/doku.php?id=main

Nome: OpenOffice.org 2.0
Licença: GPL (livre).
Utilidade: Edição de documentos em formatos abertos.
Website: http://www.openoffice.org/

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Fernando C. Prestes Motta

"A educação moderna convencional muito raramente se preocupa com o desenvolvimento da pessoa. Opta, normalmente e com a cumplicidade dos pais ansiosos por filhos bem-sucedidos na "vida", pelo desenvolvimento funcional ou profissional, exacerbando a angústia do adolescente. As instituições educacionais e, de modo especial, a universidade, nasceram como um espaço no qual o mestre formava seus discípulos através da convivência diária. Esse espaço tornou-se uma grande burocracia impessoal em que a convivência é meramente funcional. Busca-se formar boas engrenagens, no melhor dos casos, e não pessoas adultas, maduras individual e socialmente.".

Fernando C. Prestes Motta

Fonte: http://www.fernandoprestesmotta.com.br/

 

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